Fábio Henrique de Sousa Coelho, Superintendente Substituto da Previc, expressa otimismo com a projeção do desempenho das entidades fechadas no 2º semestre de 2017 e, principalmente, em 2018 ao comentar o Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar (REP). Ainda neste ano, a rentabilidade dos planos deve no mínimo igualar as metas atuariais no caso das entidades de importância sistêmica (ESI). Para as entidades não-ESI, o retorno das carteiras irá superar as metas, e no geral, o nível de déficit do sistema sofrerá redução a partir do 1º semestre de 2018. O Superintendente ainda reforçou a análise que o sistema é líquido e solvente no horizonte de curto e médio prazos e tende a manter a bons indicadores caso se antecipe às mudanças de cenários, sobretudo à queda das taxas de juros. Confira os principais trechos da entrevista:
Relatório de Estabilidade (REP)
“O relatório reflete uma série de medidas que a Previc vinha adotando desde o início do ano para o fortalecimento do setor. Quando lançamos nosso plano estratégico, prevíamos algumas medidas de aperfeiçoamento, dentro de duas caixas, uma de regulação e outra de supervisão. E o REP consolida algumas medidas de melhoria na linha da supervisão do segmento, após a criação do comitê de estabilidade (COES). O relatório funciona como um mecanismo para sinalizar riscos, em especial, riscos prospectivos, que podem se materializar no curto e médio prazo”.
Superação das metas
“Depois de vários anos, estamos em um momento de confluência de fatores positivos. A retomada da atividade econômica está puxando alguns setores da economia que refletem na renda variável que está performando acima da média histórica. Percebemos que a retomada da atividade econômica em um ambiente de inflação baixa, tem permitido também que muitas entidades alcancem a meta nominal, ou seja, parcela real mais a inflação, acima daquelas atingidas no passado recente. Ou seja, é uma perspectiva muito positiva, que contribui para nossa visão positiva do segundo semestre de 2017 e também de 2018”.
Redução do déficit
“E o volume de déficits do setor que tem se mantido estável desde 2015 e 2016, tem agora uma tendência mais clara de redução. Existem alguns fatores que indicam isso, primeiro alguns equacionamentos de déficits ainda para 2017. Com a melhoria do investimento, a tendência é que o volume de déficit se reduza já no início de 2018. Ou seja, o crescimento da economia, a inflação controlada e a melhoria de Bolsa estão produzindo a redução do déficit. Isso tudo subsidia nosso otimismo”.
Sistema é líquido e solvente
“No curto prazo, observamos todos os títulos que vão vencer na carteira das entidades no período dos próximos cinco anos e olhamos para o perfil de passivo. Concluímos que, tirando casos muito pontuais, não existe problema de liquidez nesse horizonte de cinco anos. Também não existe problema de solvência, ou seja, as previsões de pagamento nesse horizonte e o volume de ativos é suficiente para cobrir as necessidades de pagamento de benefícios no curto prazo. Não há problemas sistêmicos, salvo exceções muito pontuais, o sistema é líquido e solvente no curto prazo”.
Solvência voltará a crescer
“É verdade que o índice de solvência já foi maior. Até 2015, estava bem acima de 1, e ele se deteriorou por conta dos déficits. Porém, nosso perspectiva é que com os resultados de 2017 e 2018, esse número volte a crescer. É importante esclarecer que no curto prazo não há problema com a solvência”.
Recomendações para o longo prazo
“No longo prazo também não vemos problemas, mas a manutenção da qualidade da solvência vai depender de algumas condições, que têm a ver com a velocidade na adaptação ao novo cenário de juros mais baixos, que deve se consolidar nos próximos anos. E também com a velocidade de equacionamento desses déficits”.
Reinvestimentos
“Queremos chamar a atenção das entidades que há um volume de R$ 30 bilhões em ativos que vencem nos próximos anos, que apesar de ser uma parcela pequena do total, não pode ser negligenciada. Estamos justamente dizendo, “tomem cuidado para não sofrer com o risco de reinvestimento”. Ou seja, não é recomendado deixar os ativos vencerem e só depois decidir o que fazer. É uma possibilidade que esse risco venha a se materializar, então chamamos a atenção para isso agora”.
Taxas de desconto abaixo de 5%
“Mantidos os juros baixos no Brasil em 2019, a taxa média de desconto dos planos devem convergir para algo próximo a 5% ou até menos. E o relatório mostra que ainda há muitos planos utilizando taxas acima de 5,5%. Em outras palavras, esses planos podem sofrer com a redução dos juros de forma abrupta e isso faz com que o passivo deles aumente. Queremos dizer “temos um risco prospectivo” para que as entidades se preparem, discutam e eventualmente adaptem seu portfólios a esse cenário. Quando o cenário de juro baixo estiver consolidado, as entidades terão de diversificar os portfólios”.
Fonte: Acontece